A técnica de
áudio-descrição envolve a acessibilidade aos elementos visuais do teatro,
televisão, cinema e outras formas de arte para pessoas cegas, com baixa visão,
ou qualquer outra deficiência visual. É um serviço de narração que tenta
descrever aquilo que está disponível ao vidente, e é oferecido sem custo
adicional ao espectador com deficiência visual - aquelas imagens que uma pessoa
que é cega, ou com deficiência visual, antes só podia ter acesso por meio dos
sussurros de um colega vidente.
A áudio-descrição vem então
preencher uma lacuna para o público com deficiência visual. Como um processo de
linguagem, a descrição visual pode ser vista como um membro da família das
atividades de tradução e interpretação. De acordo com Metzger (1999), ‘Tanto a
tradução e a interpretação lidam com a comunicação de um dado texto para outra
linguagem’. Uma questão-chave aqui é que o texto que está sendo comunicado é
composto de elementos visuais (cenas, sinais, sorrisos, etc.) em vez de
linguagem formalizada. Se tradução é o que acontece quando o escrito é
convertido para o escrito e interpretação quando o conversacional é convertido
em conversacional (HATIM, 1997), então a descrição visual pode ser vista como
transrepresentação porque toma as informações visuais cruas e as converte em
linguagem.
O uso pedagógico da
atividade da audiodescrição que se segue, implica:
• Proporcionar que alunos
com Deficiência Visual tenham acesso aos conteúdos escolares, no mesmo tempo em
que o restante da turma;
• Minimizar ou eliminar as
barreiras presentes nos meios de comunicação que se interponham ao acesso à
educação, tais como aquelas presentes no acesso a materiais bibliográficos,
imagens e vídeos;
• Favorecer o acesso a
atividades lúdicas como as histórias em quadrinhos, visando trabalhar
conceitos, personagens, compreensão, interpretação e produção textual através
das descrições.
O professor inclusivo poderá lançar
mão dos recursos de acessibilidade disponíveis, promovendo oportunidades para a
eliminação de barreiras atitudinais entre os alunos, através do estímulo de
atividades coletivas de áudio-descrição que envolva a todos, sensibilizando-os
e dando-lhes autonomia para também desenvolverem e se beneficiarem do recurso
em conjunto.
Em um
exercício (acerca da força da gravidade, extraído de um livro de Ciências da
2ª.). Série do Ensino Fundamental, Descobrindo o Ambiente (1991), página 31,
encontramos as figuras abaixo (Fig.1; Fig.2) sem nenhuma áudio-descrição:
“Qual das
ilustrações representa o cesto que exige mais esforço para ser carregado?”
Fig. 1 Menina carregando cesto de flores.
Fig. 2 Menino carregando cesto de frutas.
A pergunta
óbvia a se fazer é: como poderá o aluno com deficiência visual responder a esta
questão sem que lhe seja oferecida a áudio-descrição das imagens, visto que ela
é crucial para a compreensão do que é pedido no exercício?
Sequer foi
ofertada legenda como pista para as imagens.
Consideremos,
agora, essa atividade com a oferta de áudio-descrição.
“Qual das
ilustrações representa o cesto que exige mais esforço para ser carregado?”
- Figura da esquerda em
que uma menina carrega sorridente um cesto de flores.
- Figura da direita em que
um menino com boca contorcida carrega um cesto de frutas.
Alguns estudiosos preferem relatar
primeiro as imagens e depois o texto. Porém, na opinião de alguns alunos com
deficiência visual, eles compreendem melhor se o texto for lido antes da
descrição das cenas. O professor deve, contudo, combinar com o ouvinte o que
ele prefere.
Podemos concluir enfatizando a
importância/necessidade da oferta da áudio-descrição nos livros didáticos, não
só para ganho dos alunos com deficiência visual, mas para todos que desses livros vão
fazer uso, incluindo os próprios professores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário